Após um ano de muitas incertezas trazidas pela pandemia de Covid-19, as perspectivas e os desafios para 2021 seguem em pauta mesmo com a eliminação, a princípio, do fator surpresa quando o assunto é a crise sanitária que ainda assola países mundo afora.
Leandro Araújo, economista especializado em finanças pela Universidade do Michigan, diretor de serviços financeiros na IB Consulting e CEO da Trust Network Corp, diz que os fatores que amenizam os obstáculos são os “dez meses de experiência em como lidar com o momento e os eventuais incentivos dos governos. A chegada da vacina, que deve acalmar os ânimos a partir do segundo semestre, e a expectativa de que os bancos centrais mantenham as taxas de juros mais baixas”. Outro fator que pode auxiliar a economia brasileira é o estímulo monetário com a injeção de dólar por parte do governo norte-americano, que consequentemente ameniza a desvalorização do real.
Nos negócios, o período inicial da pandemia apresentou necessidades urgentes que se tornaram um verdadeiro campo minado para boa parte dos empresários e empreendedores: transformação digital, adaptação a um novo sistema de trabalho, investimento em logística e relacionamento com o cliente. Muitos negócios fecharam as portas sem poder se adaptar à nova realidade e muitos outros nasceram a partir do olhar empreendedor para o novo comportamento e necessidades do consumidor. Seja qual for a resolução, o desenvolvimento e investimento em ferramentas tecnológicas agora são cruciais para qualquer operação.
Ana Fontes, CEO da Rede Mulher Empreendedora, aponta que as principais dificuldades do momento estiveram atreladas à perda do faturamento de um dia para o outro e não ter uma reserva financeira. “Além disso, há a falta de preparo de boa parte dos negócios para navegar no ambiente digital e o difícil acesso ao crédito. Todos fomos jogados neste universo e precisamos aprender para sobreviver.”
A empresária também comenta que o pequeno negócio passou a entender que não vende apenas produto ou serviço e assimilou a necessidade de se adaptar à cabeça do consumidor, que adotou uma postura mais confiante e responsável de olhar para os processos, não importando o tamanho da empresa. “O empresário não pode mais atribuir o valor do negócio apenas ao produto que comercializa”, diz.
Sobre os cuidados para quem deseja se aventurar em um novo negócio no ano de 2021, Maria Fernanda Musa, diretora de aceleração da Endeavor, ressalta que é preciso estar sempre atento às novas demandas e mudanças no cenário de consumo e estudar bem o mercado. “Estamos vendo a aceleração de algumas tendências que já estavam para acontecer nos próximos cinco anos, mas que foram condensadas em um mês.” A executiva conclui: “Um momento de crise sempre gera oportunidades; quando as economias estão olhando para baixo, os empreendedores estão olhando para cima e eles serão cruciais para que possamos sair dessa mais fortes e desenvolvidos economicamente”.
Veja, na galeria de imagens a seguir, cinco setores e negócios que são tendência para o ano de 2021 segundo os especialistas entrevistados para a reportagem:
Transporte – serviço de entregas, mobilidade e distribuição
O setor deve se manter firme pela necessidade de logística de distribuição e entrega impostas pela cultura do consumo em casa. Em suas ramificações, os serviços de entregas via aplicativo e de mobilidade urbana seguem como uma opção de comodidade e segurança para o cliente que não quer se expor ao transporte público ou consumir refeições in loco.
Agronegócio – exportação
Os negócios do campo voltados para exportação também são favorecidos em um cenário com o dólar em alta. Por mais que a injeção de moeda em solo norte-americano favoreça a valorização do real, não é esperado que o câmbio volte a patamares demasiadamente baixos.
Educação – ensino remoto
O ensino à distância, que antes era visto com maus olhos pelas instituições mais tradicionais, tornou-se uma necessidade e uma aposta. Ainda em período de ajustes e adaptação, o modelo tem se tornado promissor, visto que muitas escolas e universidades devem seguir com o ensino remoto ou híbrido até que haja possibilidade de um retorno total ao modelo presencial e, com ferramentas e plataformas mais refinadas aliadas à aceitação da nova forma de ensinar por parte do consumidor o EAD pode se estabelecer de vez na cultura da educação.
Saúde – farmacêuticas e cuidados preventivos
A telemedicina, antes proibida no país, se tornou uma necessidade tal qual o modelo de ensino remoto. Mais uma vez, a comodidade e a possibilidade de desafogar clínicas e hospitais são pontos que favorecem o fortalecimento da modalidade no país.
Outro produto da área que deve se fortalecer são os planos de saúde: a pandemia proporcionou à população um senso de necessidade maior quando o assunto é se manter bem e saudável. Neste sentido, iniciativas que oferecem cuidados preventivos também são boas pedidas para o ano.
Em decorrência do cenário de crise sanitária e mudança do comportamento das pessoas em relação à saúde, a indústria farmacêutica também deve se manter em alta com a produção de novos medicamentos, suplementos e até vacinas.
Financeiro – digitalização bancária e soluções de pagamento
A barreira da desconfiança quanto aos serviços bancários online e até bancos digitais tem sido derrubada mais uma vez pelas novas necessidades e demandas impostas pela pandemia de Covid-19.
Para além da massiva presença dos serviços financeiros virtuais e bancos digitais com menos taxas, a nova grande tendência financeira são os meios de pagamentos próprios ou contactless (sem contato), a exemplo do Apple Pay, com seu sistema por aproximação, e do Magalu, que em dezembro adquiriu a fintech de pagamentos Hub para ampliar a oferta de produtos financeiros para seus clientes.
Fonte: FORBES.COM.BR
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